Ser mãe já é, por si só, um desafio imenso. Mas ser mãe longe de casa, longe da família, da língua que abraça, dos cheiros e dos sabores que nos formaram, carrega um peso diferente — um silêncio difícil de nomear.
Nos atendimentos que realizo com mães que vivem fora do Brasil, há um padrão que se repete: a força que todo mundo enxerga por fora e a solidão que ninguém vê por dentro. A coragem de criar os filhos em outro país é muitas vezes celebrada, mas pouco se fala da dor de não ter com quem dividir os pequenos detalhes: o café com a mãe depois de uma noite mal dormida, a ajuda espontânea de uma avó que entende o choro do bebê, o colo disponível sem explicações.
É comum que essas mulheres se sintam estrangeiras também na própria experiência materna. A cultura do novo país pode ter olhares diferentes sobre o parto, a amamentação, o sono, a criação... E essa diferença, que poderia ser só uma troca, se transforma muitas vezes em julgamento. “Você ainda amamenta?”, “Seu filho dorme com você?”, “Por que não coloca na creche logo?”
Na escuta clínica, ofereço um espaço onde essas mães possam se ouvir — sem censura, sem correção. Porque no meio da dor, do medo de errar, da ausência de rede de apoio, o que mais falta é um lugar de acolhimento real.
Se você vive essa maternidade fora do Brasil: seu sentimento é legítimo. Não é frescura sentir saudade, não é exagero sentir-se sozinha. Seu amor é grande, e seu cansaço também. Você não precisa dar conta de tudo sozinha.